A chuva não dispersou os trabalhadores de todo Brasil que se concentraram na Esplanada dos Ministérios. Representantes das centrais entregaram pauta da marcha aos presidentes da Câmara e do Senado. 40 horas é a principal reivindicação

Na manhã de quarta-feira (11), a 6ª Marcha da Classe Trabalhadora chamou atenção de quem passava pelo centro de Brasília. Organizado pelas centrais sindicais - CUT, Força Sindical, NCTS, CTB, UGT e CGTB - o evento reuniu mais de 30 mil trabalhadores e trabalhadoras de todo Brasil.

Os manifestantes saíram a pé do estacionamento do Estádio Mané Garrincha, seguiram pelo Eixo Monumental e caminharam até o Congresso Nacional, onde foi realizado um ato político.

Além de trabalhadores, a marcha contou com a participação de representantes de movimentos sociais, da UNE (União Nacional dos Estudantes) e do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), estreante na mobilização promovida pelas centrais sindicais.

Também compareceram ao ato político parlamentares que apóiam a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, principal reivindicação da marcha.

Agenda da marcha

Principal atividade no calendário das centrais sindicais, a marcha ocorre anualmente.

Na 6ª edição, além da redução da jornada de trabalho, são reivindicações da marcha: valorização do salário mínimo com aprovação do PL 1/07; ratificação das convenções 151 da OIT, negociação no serviço público; e da 158, proibição da demissão imotivada; retirada dos projetos de lei de terceirização - PL 4.302/98 e PL 4.330/04; aprovação da PEC 438/01, fim do trabalho escravo; e, ainda, o marco regulatório do pré-sal.

Pressão sobre o Congresso

Durante o ato político, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT/SP), explicou aos trabalhadores as reivindicações e disse que "é preciso pressionar o Congresso e que os presidentes das centrais iriam pedir ao presidente da Câmara dos Deputados e do Senado Federal um compromisso para votar estes projetos".

O presidente da CUT, Artur Henrique, falou sobre as conseqüências da aprovação de cada item da pauta da classe trabalhadora, em especial a valorização do salário mínimo.

"Mais de 20 milhões de brasileiros vivem com um salário e dependem dos deputados federais e senadores na recuperação do mínimo até 2023, fazendo com que isso não seja uma política apenas do atual Governo, mas de Estado", defendeu.

Para Wagner Gomes, presidente da CTB, a mobilização de hoje é muito importante para avançar na conquista pela redução da jornada, medida que irá gerar mais de dois milhões de empregos, além de contribuir para a melhora da qualidade de vida para toda a população.

"Foi muito importante essa manifestação para pressionar a aprovação da redução da jornada de 44 para 40 horas. Mas não podemos nos esquecer da importância em manter a unidade do movimento sindical".

O presidente da UGT, Ricardo Patah, defendeu o fim do fator previdenciário.

"Além dos temas que nos são caros como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, defenderemos com todo nosso empenho a extinção do fator previdenciário, pois o consideramos um golpe nos interesses dos aposentados e pensionistas que contribuem, enquanto trabalham, e são lesados na hora da aposentadoria", afirmou o dirigente.

José Calixto Ramos, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), lembrou da consideração e confiança que os dirigentes depositam no presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB/SP). Calixto alertou que as centrais também estão empenhadas em "buscar uma solução para a situação dos aposentados do País".

O presidente da CGTB, Antonio Neto, também conferiu credibilidade à palavra do deputado Michel Temer. "O presidente da Câmara é um forte aliado", ratificou.

A 6ª marcha das centrais sindicais revela a maturidade do movimento sindical e tem sido utilizada como um forte e eficiente instrumento de pressão para obter conquistas para a classe trabalhadora e a sociedade brasileira em geral. Nos discursos de hoje, os dirigentes sindicais destacaram como vitória a união das centrais em torno de assuntos de interesse comum dos trabalhadores.

Reunião na Câmara

Em audiência com o presidente da Câmara, deputado Michel Temer, os dirigentes sindicais pediram que o parlamentar estimasse uma data para votação em plenário da PEC 231/95, que reduz de 44 para 40 horas semanais a jornada de trabalho.

A proposta foi aprovada em comissão especial no dia 30 de junho deste ano.

Durante a reunião, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT/SP) reconheceu que o presidente Temer já fez muito pelos trabalhadores, mas o aconselhou: "você pode fazer mais". O deputado do PDT reforçou o pedido de agilidade na inclusão da proposta na pauta de votações.

Votação sem data

O presidente da Câmara elogiou a atuação dos dirigentes sindicais. Para Temer, o Poder Legislativo "trabalha sobre pressão". Ele lembrou que, em seu mandato, já recebeu mais de cinco vezes os representantes dos trabalhadores. "Isso é muito positivo".

Apesar do apelo das centrais sindicais, Temer não agendou a votação da PEC 231/95. "Não dá para marcar uma data". No entanto, o presidente da Câmara se comprometeu em mediar negociações entre trabalhadores e empresários. "O meio termo não é impossível", concluiu.

Com uma agenda apertada, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB/AP), apenas recebeu a pauta da delegação de sindicalistas, que estavam acompanhados pelo senador Paulo Paim (PT/RS).

Os dirigentes sindicais pediram atenção ao PDS 819/09, que ratifica a Convenção 151 da OIT (negociação coletiva no serviço público). O projeto está sob análise da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, onde a relatoria foi distribuída ao senador Geraldo Mesquita Junior (PMDB/AC).

Fonte: DIAP